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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

DONA SANTA DO SAMBILA

Dona Santa é o único sinal que resta dos tempos áureo de Santa kambundi. Tempo de boa vida, carne fresca, peixe grosso e má fala aos pobres e longe dos azares e desgraças. Agora mana kambundi, porque se misturou com os que mandava sem dó no calor de senhora mandona, vive a contar os dias de amargura que a morte do marido em dia sem sorte deixou como herança sem única esperânça. Se tinha aquilo, não tinha filhos. A dor que sentia era mesmo só da falta do marido que levou os momentos de riqueza sem deixar mínima que seja. Ter deixado na amargura de raspar o arroz queimado no fundo da panela, de beber água em copos farrusco. A casa foi recebida pelos parentes do marido. Quando pôs o caso no tribunal para reaver a casa, os carros e outras coisas, já tudo tinha desaparecido e com eles os parentes para kimbos diversos nesse mundo sem pena das viúvas. Dizem as más línguas que depois do juíz decidir o que ela merecia já anos tinham passado e a casa construída com sacrificio foi destruída com malefício por parentes que não sabiam como dividir uma única casa, os carros foram queimados por invejosos e os recheios e roupas distribuidos entre sobrinhos, primos, manos, amigos e tios distantes. Ficou assim sozinha a fazer o balanço dos bons tempos aqui na vida amarga sem vontade. O olhar raivoso ficou mendigo e o falar fino virou caxico de fofoqueiras baratas do Sambila. É já vulgar como a vagar de casa em casa, bebendo kimbombo ou atraindo fácil antigos empregados que sonhavam com cobiça a difícil patroa. Era a mandona que virou carona de todos que quizessem andar a toa numa noite a solta sem nada a volta para dar fofoca. Tomava míseros trocos de uma rápida no barro da parede de pau-a-pique de machos também cornos para mais kimbombo. No mundo em volta um mar de insultos, no sonho tosco um rio de saudades e desgostos. É assim Santa Kambundi.

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